Conto Kellynha - O beijo

Tudo aconteceu em questão de segundos, uma hora estava em sua casa pensando que seu seria uma merda na outra estava sendo arrastado pelo furacão que era seu primo mais velho para um dia no shopping com umas gatas que ficava com ele e nunca o deixava em paz, umas grudes que ele nem ligava se eram Maria corrimão.

Bem, ele foi de cara amarrado, uma das meninas tentou se engraçar com ele, mas ele só respondia monossílabo “sim”, “não”. Até que ela desistiu de puxar conversa com ele. E ele se dedicou em olhar o seu primo, sempre tivera uma queda por ele. Toda sua vida se desenvolveu ao seu redor, suas infâncias foram tão lindos que pareciam irmãos, até que ele começou a namorar.

Não que fosse de sua conta, mas algo dentro dele se rebelou, foi um choque para si mesmo se dar conta que estava com ciúmes de seu primo, além de ser homem como ele, era seu primo... Mesmo que ele fosse filho de sua tia, que não fosse filho do irmão de seu pai, mas fora criado como tal... tinha três anos de diferença entre eles, agora com 16 anos ele ainda o arrastava para alguns programas, e como sua aparência era de um maior de idade, e muito bonito por sinal, não pediam identificação para entrar em certos ambientes.

“Que cara é essa Lino?”

Ele percebeu que o encarava sem dizer nada, Lino era como ele o chamava, pois o achava lindo, mas como homem não achava outro de lindo o apelidara assim, como código entre os dois.

“Nada”

“Conta outra, você ia mesmo ficar em casa no dia do beijo?”

Ele o olhou e ficou pasma com a ideia do primo, nunca fora uma pessoa de ficar ligado em datas, mas essa informação o pegara de surpresa. Não tinha intenção de beijar ninguém, na verdade o que veio na mente foi ele beijando Lucas, mas a ideia o deixou vermelho, o que não passou despercebido por Lucas que ficou enchendo o saco para saber em quem ele havia pensado.

Eles entraram no cinema com Lucas liderando o grupo tendo as duas em cada lado, ele ficou para trás com a pipoca dos três. Esse dia ia ser longo. O filme era um de terror, Lucas abraçava e beijava as duas, e ele só observando, até que em um dado momento seus olhos se encontraram, os seus olhos fixaram nos seus, enquanto ele beijava a menina, parecia analisar seus sentimentos, até que ele virou para tela e o ignorou o resto de filme, já no final levantou-se e falou que ia ao banheiro.

Entrando no banheiro lavou o rosto e foi ao sanitário, momentos depois saiu e encontrou Lucas só esperando ao lado da entrada do banheiro. Ele o empurrou para a fila do cinema novamente, pagou as entradas sem dizer nada, eles entraram na sala, essa quase vazia e sentaram no fundão onde ninguém se sentou por perto.

Quando as luzes se apagaram sentiu que a poltrona tinha os braços tirados do lugar, e uma mão o puxou e Lucas colou a boca na dele. Tudo pareceu escurecer, olhou em seus olhos, sua boca insistindo em entrar na sua, suavizou e permitiu à entrada, suas línguas duelavam, numa troca de carinho inesperada, sentiu sua mão em seu roto, e fechou os olhos para apreciar melhor o momento, sentiu seu corpo esquentar, e pela primeira vez na vida, sentia que tudo estava certo.

Suas bocas se desprenderam e Leandro encostou a cabeça no seu ombro, riu em silencio, mas antes que pudesse fazer algo ele o puxou para mais um beijo, o que ele nem hesitou, sentiu a mão em sua calça, sua vida agora se desprendeu de seu corpo, nunca soube o que se passava na tela, mas seu lugar mágico estava sendo escrito e sentido naquele momento. Seu primeiro beijo, suas primeiras caricias. Seu eterno amor. Num dia que nunca iria esquecer. No dia internacional do beijo, ele aprendeu que nunca é tarde para se declarar.

“Lucas eu te amo”

“Eu também te amo Lino... meu lindo, sempre te amei...”